O Samuel Jardim, graduado e mestre em Engenharia Química pela USP, decidiu durante a graduação fazer um intercâmbio. Apesar de ter tomado essa decisão mais para o final da graduação, quando o programa Ciência Sem Fronteiras já havia acabado, ele seguiu firme no seu propósito. A primeira oportunidade foi de ir para a Itália, mas acabou que essa oportunidade não deu certo. Ele comentou sobre como foi lidar com um "não" para algo que ele já tinha criado expectativas. O Samuel se lembrou então, que o professor do laboratório no qual ele tinha estagiado, enviava regularmente alguns alunos para estagiarem em laboratórios de universidades estrangeiras. Ele então pediu para que na próxima oportunidade o professor o avisasse para ele se candidatar.

Quando abriu o próximo processo seletivo, o professor Jonas Gruber o avisou. Ele se candidatou, orando para que fosse feita a vontade de Deus quanto a essa oportunidade. Seria sua última chance antes de se formar, mas ele sabia que a vontade de Deus com certeza seria a melhor. A resposta então veio: o Samuel havia sido aprovado!

Aprovado no processo seletivo, ele teve a oportunidade de escolher entre: Itália, Portugal e Bélgica. Como ele queria praticar o inglês, achou que a Bélgica era a melhor opção. Além disso, a Hasselt University tinha como oportunidade de pesquisa polímeros, que era um tema que lhe interessava.

Bolsa?

Ele começou então a se preparar, juntamente com outros três colegas de curso, para a viagem. Tentaram obter uma bolsa, no entanto eram anos de vacas magras: o Ciência Sem Fronteiras tinha acabado e a faculdade tinha poucas bolsas próprias. Eles tiveram então que se organizar para se bancar. Samuel pagou 20% da viagem com o que tinha economizado dos estágios que tinha feito durante a graduação, enquanto seus pais se dispuseram a pagar os outros 80%, já que tinham economizado com o ensino médio (que ele cursou em escola pública) e também com a universidade.

Visto

Como ele iria ficar mais de três meses na Europa, precisaria de visto. No processo de obtenção do visto ele esbarrou num problema: filho de uma empresária e um autônomo, o consulado não estava aceitando as comprovações de renda de seus pais. Foi uma outra etapa de desafio: descobrir como contornar esse problema. Ele descobriu que havia um método de obter uma comprovação por parte da faculdade de que ele teria como se sustentar: ele poderia transferir todo o valor mínimo de comprovação de renda para a faculdade (Hasselt University) e esta então emitiria um certificado a ser enviado para o consulado comprovando que ele tinha meios de se sustentar. Ao chegar na Bélgica, ele abriria uma conta no banco e a universidade repassaria o valor. E foi assim que mais uma etapa foi vencida!

Moradia

Ele, juntamente com grupo de meninos que estava indo com ele da USP, decidiu alugar um duplex perto da faculdade (em uma residência universitária) para morar durante o intercâmbio. Eles se dividiram em duas duplas, uma em cada apartamento. Os desafios de se morar com outra pessoa surgiram e ambos tiveram que se adaptar. Seja não assistir televisão de madrugada ou não ser tão econômico nos gastos. Morar com outra pessoa sempre exige adaptação, mas com certeza foi bom ter outros brasileiros por perto.

Primeiras Impressões

O Samuel achou a Bélgica linda com suas construção e estilo arquitetônico muito bem preservados. Embora ele admita que com o passar do tempo, cansa-se de ver o mesmo cenário por todo lado. Ele morava na parte holandesa da Bélgica, chamada de flamenga. A parte sul era a parte francesa e uma pequena parcela do país é de fala alemã. Quanto à forma como as cidades se estabelecem na região, elas são sempre casas construídas ao redor de uma igreja (nossa famosa "igreja matriz").

Muito antes de nosso entrevistado sonhar em ir para a Bélgica, um pastor brasileiro que serve na Bélgica havia visitado a igreja que ele frequentava aqui no Brasil. Ele acabou tendo contato com esse pastor e, quando fez o intercâmbio, pôde contar com o suporte desse amigo. A igreja desse pastor, que ficava na parte francesa da Bélgica, o acolheu muitíssimo bem. Mesmo que o Samuel não falasse francês, ele foi incorporado à comunidade e tão bem servido por eles, que até roupas para o inverno eles lhe forneceram! E não porque ele não tivesse, mas porque eles ficaram preocupados com ele eventualmente passar frio! Acho que essa é uma das melhores partes de morar fora: sentir-se acolhido por quem partilha da mesma fé. É um acolhimento físico e espiritual que nos fortalece muito. Em especial nos momentos de solidão, que vem sobre os intercambistas - que assim como ocorreu com o Samuel, ocorreu com a Nati, a Carol e comigo.

Transporte e Viagens

O transporte público na Bélgica era muito bom! Custava cerca de 2 euros a viagem e era muito fácil viajar de ônibus para outros lugares, podendo sair de casa e em apenas uma hora chegar na Holanda, por exemplo. Isso fez com que o Samuel viajasse muito mais do que esperava. Dentro de Diepenbeek, a cidade onde o Samuel morava, ele andava muito de bicicleta. A universidade tinha um sistema de aluguel onde você deixava um documento e um depósito de segurança e podia utilizar a bicicleta à vontade. Como a cidade era basicamente plana, as viagens eram bem agradáveis... exceto no inverno... segundo o Samuel, no inverno o vento gelado parecia que ia rasgar a orelha!

Experiência Profissional

Por fim, uma dica do Samuel que vale a pena considerar é trabalhar no exterior. Ele contou que ganhou um vocabulário muito legal para a carreira profissional, algo que ele não teria obtido num intercâmbio meramente educacional. Além disso, ele teve a oportunidade de conhecer um pouquinho mais sobre a carreira acadêmica no exterior e percebeu que ser um acadêmico na Europa não te impede de voltar para o mundo corporativo. Inclusive, existem algumas poucas empresas que contratam pessoas com mestrado e doutorado no Brasil, como a empresa na qual ele trabalha hoje como cientista de dados.

E você, já pensou em ir trabalhar no exterior? Se sim, conte um pouquinho mais sobre os seus planos nos comentários 😊

Até a próxima e boas viagens!

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