Ondas quebrando nas pedras da praia
Choque cultural. Embora tenha sentido esse "choque" quando fiz intercâmbio pela primeira vez, eu não sabia como se chamava. Sabia menos ainda que havia algo chamado choque cultural reverso. Mas o sentimento forte de amar o novo lugar que você está conhecendo, depois um outro período em que você sente falta de tudo na sua casa e vice-versa era algo rotineiro. Que com o tempo foi reduzindo, reduzindo, reduzindo até se tornar o dia-a-dia com dias bons e dias ruins.

Quando eu estava na França, cursei uma disciplina que se chamava "Cross-Cultural Management". Nessa disciplina conversamos sobre as diferenças entre culturas e sobre o que era o choque cultural. Também fiz uma outra matéria chamada "International Mobility and Career Development", onde discutimos carreiras internacionais e a adaptação no exterior.

Essas duas matérias me ajudaram a estar preparada para lidar com o processo de mudança de país e algumas das "ferramentas" que conheci enquanto estava lá podem ser úteis para a sua próxima transição para outro país.

A primeira coisa que eu recomendaria é que você pesquise sobre as peculiaridades do país para o qual está se mudando. Por exemplo, o site da Commisceo Global possui diversos guias com detalhes da cultura de cada país. Um exemplo, são as dicas culturais que eles dão para quem está vindo ao Brasil:

• O Português é um dos maiores elementos do Brasil, visto que quase 100% da população brasileira fala esse idioma - a exceção são tribos indígenas e alguns poucos imigrantes
• A família é algo muito importante na cultura brasileira
• Há uma diferença salarial entre homens e mulheres
• Feijoada é um prato típico

Reconheceu essas características do nosso país? Pois é, achei esse site super interessante e por que não usá-lo antes de viajar da próxima vez? Assim você fica sabendo que na França usualmente se abre o presente assim que você o recebe ou que na Inglaterra você deveria cumprimentar as pessoas com um aperto de mãos - inclusive as crianças.

Uma outra questão importante ao ir para outro país são os estereótipos. Tanto os que nós temos de outras culturas quanto os que outras culturas tem de nós. Por exemplo, uma pessoa conhecida minha trabalhou numa empresa alemã e me contou que os brasileiros que iam para a Alemanha se sentiam super excluídos porque os alemães combinavam de sair na frente deles e não os chamavam. Ou ainda que eles eram muito frios.

Apesar de a cultura alemã ser diferente da nossa, o que vivi nos dois meses em que fui voluntária lá não teve NADA a ver com esse estereótipo. Fui super bem recebida, conheci pessoas divertidas e carinhosas - que inclusive me visitaram depois. A mesma coisa a Carol compartilhou no episódio passado sobre o intercâmbio dela na Alemanha.

A experiência de alguém no exterior não pode ser extrapolada para todos os outros. Aqueles brasileiros de fato devem ter sido discriminados. Mas o fato de alguns alemães terem sido desagradáveis com eles, não quer dizer que todos sejam assim e que lá seja um lugar ruim de se enturmar.

Quando estamos fora do Brasil, podemos também quebrar os estereótipos que estrangeiros tem de nós. Por exemplo, muitos estrangeiros acham que brasileiros tem apenas um biotipo e se surpreendem ao ver que temos todos os formatos e tamanhos haha Ou acham que todos temos condições ruins de vida no Brasil porque algum brasileiro disse que vivia uma vida muuuito melhor na Europa - sim, uma francesa me falou isso e tive que contar para ela que eu vivia muito bem aqui!

Outra coisa que é importante lembrar é que adaptação é necessária em certo nível, mas você não deve comprometer seus princípios e crenças por estar em outro país. Adaptação à etiqueta e normas sociais pode ser necessária, mas mudar de país não te torna um nativo. Saber até onde se adaptar é algo muito estudado em gerenciamento cross-cultural e é importante lembrarmos que nem tudo pode ou precisa ser incorporado.

Por fim, como eu comentei lá no início, há o choque cultural reverso. Depois que você se adapta ao país em que está, quando volta para casa começa a estranhar hábitos e rotinas que existem um sua terra natal. Um exemplo, é o tempo que gastamos no trânsito aqui no Brasil. Isso foi algo difícil de lidar ao retornar, ou ainda a questão da insegurança. Durante algum tempo também, você se readapta à conexão com seus amigos e familiares. A sua vida e a delas continuou enquanto estavam distantes e há coisas que você viveu e que eles desconhecem e coisas que eles viveram e você não fez parte.

Todos esses fatores fazem com que a readaptação leve algum tempo, como se fosse uma experiência de choque cultural de novo, só que agora em seu próprio país. O ciclo recomeça, até que você se adapte e estabilize em dias bons versus dias ruins de novo. E se você estiver sozinho no exterior, veja as dicas do 11º episódio que podem te ajudar com a adaptação também.

E você passou ou está passando por isso? Quais suas estratégias para lidar com o choque cultural?

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